Exemplo de Amor a Deus...
Exemplo de Amor a Deus...

Madre Esperança de Jesus,

Escrava do Amor Misericordioso!

 

 

Cada um de nós, individual e pessoalmente, é objeto das particulares atenções da divina providência”.

                                                                                                                                       (Me. Esperança de Jesus, SAM)

 

 

Ao iniciar minha exposição quanto à ação de Deus na vida, na infância de Maria Josefa Alhama, pretendo fazer uma simples consideração sobre vocação, usando de alguns exemplos bíblicos para nortear e, quem sabe, me fazer compreender.

            Bem, temos o entendimento do que é “vocação”.  Sabemos que o termo latino ´Vocare` significa chamado. Deus é quem chama. Deus tem um jeito especial de pensar vocação, às vezes, causa nos que foram chamados certo medo, insegurança, muitos dos que são chamados se sentem inseguros, indignos do chamado que recebem, todavia, os que são chamados se tornam marcados, podem se esquivarem o quanto desejarem mas, seus pensamentos, desejos, sonhos, todo seu ser será tomado pelo ´sentimento de Deus`.

            Aquele que é chamado, mesmo diante de suas impotencialidades, impotencialidades estas que o Criador conhece muito bem, passa pela transformação de todo o seu ser, transformação essa que exige do que chama paciência com nossa letárgica compreensão d´Ele e, coragem da parte daquele que é chamado, de romper consigo.

            Nas Escrituras Sagradas percebemos que Deus tem pressa em cuidar de nós, em fazer-nos partícipes da Sua obra de Criação; tamanha é Sua urgência, que Ele é quem toma a iniciativa, Ele é quem procura o homem oferecendo ao homem toda a oportunidade e força para salvar o mesmo. Interessante percebermos, que grande parte dos que foram chamados nas Escrituras, no Antigo Testamento (A.T), são pessoas que ao serem chamadas contam inicialmente com a promessa de vitória por parte de Deus (cf. Ex 3, 14-17; Jz 6,1-6.11-24), não ignoro que tenham passado por dificuldades, não sou louco, o que quero destacar é a forma como acontece o chamado desses. Também no Novo Testamento encontramos chamados semelhantes aos do AT na forma como foram feitos (cf. Mt 4, 18-22; Mc 1, 16-20; Lc 1,35-55; 5, 1-11; Jo 1, 35-51), ou seja, foram chamados sem serem diretamente informados quanto a conseqüência do chamado, seus riscos; até a Virgem Maria fora poupada inicialmente.

            Hoje em dia, quando chamados, temos como vislumbrar de certa forma as conseqüências do sim que damos a Deus.

Pensar vocação é estar disponível há um constante morrer. Morrer para o egoísmo, morrer para a nossa própria vontade, é encher-se de esperança no “mundo que há de vir”. Mas, houve alguém que não teve escolha, não pode decidir e escolher, Maria Josefa Alhama, uma mulher que só teve uma escolha, tornar-se Escrava do Amor Misericordioso de Deus.

 

 

Maria Josefa Alhama...

 

 

Maria Josefa Alhama, nasceu no dia 29 de setembro de 1893, a primeira de nove filhos, “nasce numa barraca do Siscar, no Município de Santomera, Múrcia (Espanha). “Murcia é uma província costeira do Este da Espanha. Faz fronteira com a Andaluzia, com Castilla-La Mancha e com a Comunidade Valenciana. A sua capital, Murcia, conta com 400000 habitantes. A extensão aproximada da Província de Murcia é de 881860 km2, encontrando-se dividida, de Este a Oeste, pelas serras de Carrascoy, de El Puerto, de Villares, de Columbares, de Altaona e de Escalona. Esta singularidade divide a Província de Murcia em duas zonas, por um lado, o Campo de Murcia, e, por outro lado, a Huerta.

           A cidade de Murcia conta com mais de 50 pequenas localidades, como Albatalía, Alberca, Barqueros, Carrascoy, El Esparragal, La Ñora, Rincón de Seca, San Ginés, Sangonera la Seca, Sucina e Zeneta.
           O clima, no geral ameno, faz com que a Primavera pareça permanente em Murcia, com uma temperatura média anual de 18ºC. As chuvas são escassas e irregulares, o que faz com que a água tenha tido, desde tempos imemoriais, um enorme valor entre as suas gentes, o que levou à criação de uma trama de canais de dimensões variadas, que distribuem a água do Rio Segura por todas as hortas da região”.

            Murcia, no ano de 1921, não era um lugar tranqüilo e nem muito agradável para se morar. População muito carente, o desemprego era muito grande, a localidade de Santorema, era onde residia a família de Maria Josefa Alhama, terra seca e infértil. Quando vinha a temporada de chuva acontecia um fenômeno chamado rambladas. As rambladas eram um fenômeno em que a água da chuva desce pela colina, canalizando-se e arrastando tudo o que encontra pela frente. Em uma dessas rambladas, Maria Josefa Alhama perdeu um irmão chamado Jesus Maria e após um tempo, perdera três irmãos por motivo de doença.

            Vejamos um relato curioso. Segundo Hilário Cristofolini: “Além deste, a pequena Maria Josefa, por motivo de doença perdeu outros três irmãos, o mais velho não tinha ainda dois anos”. E, continua: “O pai, José Antonio Alhama Palma, embora trabalhador, nunca teve casa própria, nem profissão que lhe desse condições de sonhar com uma. Passou a vida mendigando trabalho e pão.

Com seis ou sete anos de idade, arrumaram para a pequena um emprego na casa do vigário. Além dos serviços domésticos, as duas irmãs do padre e mais uma senhora da sociedade lhe ensinaram o catecismo e a ler e escrever. Morou e trabalhou ali até os 21 anos”.

            A meu ver Deus agiu de maneira nova e especial com Me. Esperança. Não consigo vê-la somente como uma vocacionada, vejo-a como uma predestina. Posso parecer louco, talvez o seja, mas acredito que Deus formara aquela criança desde sua concepção para o anúncio da Misericórdia.

 

 

O que é uma predestinação?

 

 

“A palavra deriva do grego ´proorizo´, que carrega o significado de “anteriormente determinado”, “predestinar”, “decidir de antemão”. Então, predestinação é Deus determinando antes, o acontecimento de certas coisas. E o que Deus determinou antes que acontecesse? De acordo com Romanos 8, 29-30, Deus pré-determinou que certas pessoas estariam em conformidade com a imagem de Seu filho, sendo chamadas, justificadas e glorificadas. Essencialmente, Deus predetermina que certas pessoas sejam salvas. Várias Escrituras se referem aos crentes em Cristo como sendo escolhidos (Mateus 24, 22, 31; Marcos 13, 20, 27; Romanos 8, 33; 9, 11; 11, 5-7,28; Efésios 1,11; Colossenses 3,12; I Tessalonicenses 1, 4; I Timóteo 5, 21; II Timóteo 2, 10; Tito 1,1; I Pedro 1, 1-2; 2, 9; II Pedro 1,10). Predestinação é a doutrina bíblica de que Deus, em sua soberania, escolhe certas pessoas para serem salvas”.

Todos nós de uma forma ou de outra cremos que Deus criou-nos para um determinado fim (Prov 16,4) e nada lhe escapa aos olhos, até o mal é por Ele observado (Gn 45,8; 50,20; Am 3,6; Eclo 11, 14). Ele tem a palavra final, afinal “Tudo Ele quis...”.

Maria Josefa, desde sua tenra idade tivera que aprender a esperar e confiar na misericórdia de Deus! Deus a criara para tal mistério de amor, sabia das potencialidades que havia depositado em Maria Josefa, de maneira tal que, desde muito nova, experimentou um adestramento digno de pessoas fortes, creio até, que a misericórdia é dom para os fortes, pois os fracos não atingem tal magnitude.

Exercer misericórdia implica em descer, humilhar-se, estar com o outro no que há de pior e, diante de tamanha miséria indicar-lhe um caminho novo, retornando-o à vida. Nosso Mestre, Jesus Cristo, disso entende muito bem, o fez e faz com uma propriedade que lhe é peculiar; Ele não confiaria uma missão tão importante se não fosse a uma pessoa experimentada na dor, por isso, não teve pena de Maria Josefa, para tirar dela todo vestígio do pecado original e retornar o brilho de sua face, levou-a a passar pelo fogo (Sirácida 2, 5a), humilhou-a com a miséria material para enriquece-la com suas riquezas (Eclo 2, 5b), levando nossa linda criança a viver quase como uma indigente pois, nem casa seu pai tinha para abrigá-la. Afinal, Ele, como Suprema Sabedoria pensou no fim intencionado, buscou colocá-lo em prática por amor à humanidade contando com os meios empregados pelo seu (sua) escolhido (a).

 

 

 

 

            Deus tinha pressa de Maria Josefa Alhama...

 

 

            Deus agia de uma maneira como nunca se havia ouvido ou narrado. Aos outros Ele chamara e ia formando, permitindo ou pedindo renúncias gradativamente, mas, com a criança Maria Josefa não, não podia, queria que ela trilhasse um caminho diferente; a dor lhe chegou primeiro (Eclo. 2, 4).

Ele tinha pressa, assim como teve pressa de João Batista (cf. 1, 80) ele precisava formar sua escolhida com todo o cuidado, assim, sendo, ainda com idade nova, Maria Josefa Alhama “... Com seis ou sete anos de idade, arrumaram para a pequena um emprego na casa do vigário. Além dos serviços domésticos, as duas irmãs do padre e mais uma senhora da sociedade lhe ensinaram o catecismo e a ler e escrever. Morou e trabalhou ali até os 21 anos”. Uma criança, necessitada da presença dos pais, do lar, sendo tirada do lar sem uma justificava. O que passara na cabeça da pequena Maria Josefa? Mas, o seu Deus Misericórdia, este sim, lhe preparava algo maior, sabia o que fazia.

Lá sua serva teria o necessário para viver e poderia estudar e estar na presença do seu Senhor com totalidade e, diante da entrega dos pais de sua filha ao Deus da vida, Deus os recompensou, pois, “depois desse acontecimento, um senhor chamado Manuel Servilla doou à família de Maria Josefa uma nova casa”.

Deus tinha um amor inigualável por sua serva Maria Josefa, a queria para Si e tal desejo inspirara na doce criança. Ela começava a sentir tamanha necessidade de Deus que: “Mais ou menos entre os anos 1901 – 1904, com aproximadamente nove anos, desejava muito receber a Eucaristia, mas não havia idade certa para isso. Dessa forma aproveitando que o pároco estava fora, e que o padre substituto não a conhecia, entrou na fila da comunhão junto com os outros fiéis e a recebeu. Alguns membros da comunidade, percebendo o que acontecera, chamaram sua atenção duramente, mas Maria Josefa, naquele momento, somente se preocupava em fazer companhia a Jesus e em pedir-lhe que permanecesse em seu coração, porque por muito tempo não poderia mais recebê-lo, a não ser quando completasse a idade e a preparação correta para tal.”. Madre Esperança vivenciou as dores do profeta (Jó 1, 18). Os planos de Deus para a vida da linda criança eram maiores do que se podia imaginar.

No ano de 1910, Maria Josefa é ferida de maneira inigualável, pois, aos 17 anos de idade ela perde seu irmão Jesus Maria. Estranha situação. Deus prepara sua serva para a misericórdia lhe ferindo o coração, que maneira estranha e como não bastasse, passado algum tempo, faleceram três outros irmãos que haviam ficado doentes. Sim, ela não perdeu filhos, mas perdeu seus irmãos, quanta dor, quanta angústia!  Junto com o Profeta deve ela ter chorado e lamentado em sua alma:

 

“Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá.

 IAWEH o deu, IAWEH o tirou (Jó 1, 20).”

 

Deus acompanhou e através dos fatos foi formando e educando sua Esperança. A Misericórdia de Deus foi tamanha no inicio da vida de Maria Josefa Alhama, nossa amada Madre Esperança, pois Ele, o Senhor, não acompanhou todos esses momentos, mas, viveu com sua escolhida toda sua dor.

Amparou sua família, tomou-a para si. Tirou de todo e qualquer risco inicial e a amou com tamanha intensidade que numa Espanha marcada por uma guerra, diante de toda a pobreza, toda a angústia, recolheu-a e formou-a de maneira tal, como o desejo de Seu Sagrado Coração. Suas perdas foram necessárias, ela precisava fazer a experiência da dor, do medo, da mágoa, da solidão, para que os que viessem a ela futuramente pudessem encontrar nela não só o conselho, mas, sim, o verdadeiro: “Eu sei o que você sentiu, eu vivi isso e, posso afirma, Deus te ama!”.

Concluo de tudo isso que, para ser de Deus preciso somente ser humano!...

 

 

                                           Oportet Deo humanum! (FAV)

 

 

 

                                                                                             FLÁVIO ALVES VIEIRA

Deus te Ama!

 

Deus nos ama de tal forma que foge ao d´Ele próprio. O que somos nós? O que significa saber que existe um Deus que me ama ao extremo e que constantemente me convida a ser tomado pelo seu amor? É comum nos dias de hoje as pessoas acreditarem que a vida seja um momento, que nada levamos daqui. A cada momento mais pessoas são vitimadas por traumas psíquicos, pessoas dilaceradas nos sentimentos, presas nos grilhões da ilusão do “ter” que se apresenta como a forma do “ser”. Numa insana busca de sentirem-se felizes, sentirem-se pessoas acabam, após o estado eufórico da experiência, levando-os à consciência do seu nada, na solidão do seu “castelo interior”, no tribunal da razão. Nós, como cristãos, cremos que somos criados “imagem e semelhança de Deus”, e ao deparamo-nos com as insatisfações da nossa humanidade distanciamos essa “imagem e semelhança” de nós. Isso acontece devido o fato de descaracterizarmos nossa verdadeira face, a imagem que temos de nós e, por conseqüência disso eliminamos os traços de Deus em nós; até aqueles que pensam que a vida se resume no agora e que Deus não existe, sofrem eles por não compreenderem a complexidade de sua existência e não terem no que acreditarem o simples fato de não crerem em Deus leva-os ao nada e, o nada não “existindo” nada pode criar tornando a existência destes é uma fraude. Tanto os fortes como fracos, os bons como os maus, os pecadores como os santos, os cristãos como o maior de todos os hereges deseja uma só coisa, desejam ser felizes, sentirem-se alguém, plenos de amor, inseridos e geradores de vida. O pecado tirou e tira isso de nós, penso ser este o motivo pelo qual Deus não consiga parar de nos amar, parar de vir ao “limbo” de nossa alma para lutar pela ressurreição de nosso espírito, realiza enfim, a transfiguração d´Ele em nós. Como nos ensina a venerável Madre Esperança: “Cada um de nós, individual e pessoalmente, é objeto das particulares atenções da divina providência” e, com certeza, esta religiosa não só falava, mas, acreditava ser este o motivo pelo qual Ele insiste amar o pecador, relutando muitas vezes para nossas faltas. Deus é fiel, nos ama com amor eterno e nos fez para a eternidade, somos do eterno e para o eterno “... No entanto nos fizestes só um pouco menor que um Deus, de glória e poder nos coroastes (Sl. 8,6)”. É Deus é assim, tem mania de amar! Mesmo que você agora, nesse momento sinta que lhe falta o chão, sinta todo o peso de sua consciência a lhe condenar, sinta que mesmo com a relação que você tem a mais moderna possível lhe preencha momentaneamente e, depois, lhe reste somente o vazio, a insatisfação, mesmo que não consiga amar a si e aos outros, não se sinta amado (a), Deus é amor que tem louca necessidade de amar você. Ele te diz: “Pois és muito precioso para mim, e mesmo que seja alto teu preço, é a ti que eu quero!” Deus te quer, Ele Te ama! Tenha a certeza disso, “Deus não calcula teus pecados, mas os perdoa e esquece ‘Me. Esperança’”, tome posse da graça do amor de Deus para sua vida, pois, você é convidado a se dar uma nova chance; você não tem o direito de se condenar e nem de condenar os outros, não seja tolo, levanta a cabeça. Quem é você em sua vida? Responda a você mesmo. Você crê em Deus? Então pare de frescura, levante a cabeça e diga a si mesmo, sou precioso para Deus, e mesmo que eu, meus familiares, amigos, as dificuldades da vida, o demônio queira me fazer sentir um nada e, me aprisionar no desamor, que é o preço das minhas insanas buscas, minhas loucuras, Deus pagará meu resgate, sou parte do coração de Deus, Ele me ama ao extremo.

Oremos:

Faça que eu me ame que eu me encontre, me torne pessoa do Seu coração, eu pertenço a Ti. Sou imagem e semelhança tua, Tu o dissestes: “Façamos o homem nossa imagem e semelhança (Gn 1,26-28)” e, sendo Tu a fonte inexaurível de amor, Senhor, torna-me fonte de Amor! Amém!




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